O Coletivo de Mulheres Eneidas, do SINDJU, manifesta, nesta nota, seu mais profundo repúdio e indignação diante da contínua escalada de feminicídios registrados no Brasil nos últimos dias. Assistimos, com dor e revolta, à materialização da misoginia estrutural que, de forma sistemática, mata mulheres em todo país, expondo, mais uma vez, o estado de vulnerabilidade em que nós, mulheres, nos encontramos.
A barbárie que atinge famílias e comunidades é contínua, e casos recentes e brutais, como os que vitimaram Allane e Layse, servidoras do CEFET assassinadas por outro servidor que não gostava de ser chefiado por mulheres; Evelyn, baleada por seu ex-companheiro que já havia feito ameaças, e nesse dia foi até a pastelaria que ela trabalhava, sacou duas armas e atirou seis vezes – Evelyn, felizmente, sobreviveu; e o de Taynara, que teve as duas pernas amputadas depois de ser atropelada e arrastada por 1 km por Douglas da Silva, “motivado” por ciúmes e a não aceitação do término, e toda a onda de violência, servem como um símbolo trágico e revoltante da falha contínua do Estado e da sociedade em garantir a segurança e a integridade da vida das mulheres. Cada feminicídio não é apenas um crime isolado; é, também, o fracasso coletivo de um sistema que teima em tolerar, minimizar e, fatalmente, perpetuar a cultura da violência de gênero. A vida de Allane, Layse, de Taynara e de todas as outras vítimas silenciadas, importam, e suas memórias nos impulsionam a exigir uma resposta contundente e eficaz.
Diante dessa escalada desenfreada de feminicídios, que mata uma mulher a cada seis horas no Brasil, Leslie Batista, analista judiciária do TJPA e integrante do Coletivo, compartilha a preocupação com as colegas de coletivo e se pergunta até quando nós, mulheres, vamos passar por isso. “Quatro mulheres vão morrer na quinta, outras quatro na sexta, no sábado, domingo, segunda. Até quando?”, reflete.
Por isso, é imperativo que as autoridades competentes, em todas as esferas de poder, intensifiquem as medidas de prevenção, proteção e responsabilização. É urgente que a Lei Maria da Penha e demais legislações de proteção sejam aplicadas rigorosamente, garantindo que as medidas protetivas sejam emitidas e fiscalizadas com a máxima celeridade. Da mesma forma, é impositivo que haja a ampliação e o investimento adequado em casas-abrigo, centros de referência e na capacitação de todas as forças de segurança para o acolhimento especializado de denúncias. Por fim, demandamos a priorização e a desburocratização dos processos judiciais que envolvem violência de gênero, assegurando a responsabilização rápida e exemplar dos agressores.
O Coletivo de Mulheres Eneidas reafirma seu compromisso com a luta pelo fim da violência contra a mulher. Não vamos naturalizar a morte de mulheres e temos a clareza de que nenhuma de nós estará segura enquanto houver uma só mulher sob ameaça. Por isso, conclamamos você, servidora do TJPA, a se juntar a nós e fortalecer o Coletivo de Mulheres Eneidas! Seguiremos na luta pela memória das que se foram e pela vida das que resistem. Nossas vidas importam! Basta de feminicídio!
Coletivo de Mulheres Eneidas – SINDJU


