Marcha das Mulheres Negras: SINDJU participa de ato com mais de 300 mil mulheres de todo Brasil e de mais 20 países

Mobilização nacional aponta para a sub-representação em espaços de decisão e exige reparação histórica, com participação do SINDJU

A 2ª Marcha das Mulheres Negras mobilizou milhares de mulheres de diversas regiões do país e de mais 20 países e foi realizada na última terça-feira, 25, também Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta pelo Fim da Violência contra a Mulher. O tema “Por Reparação e Bem Viver” pautou as manifestações, que tiveram como eixo central a reivindicação por mais espaço de representação política e institucional para a população feminina negra brasileira. O ato ocorreu na Esplanada dos Ministérios, em Brasília.

A presidenta do SINDJU, Danyelle Martins, participou da Marcha e destacou a centralidade da pauta da ocupação. “Considero um ponto de destaque a presença de muitas mulheres fortes, com garra, reivindicando seus direitos reprodutivos, espaço de decisão e o direito de representatividade”, afirmou. Segundo a dirigente, a exigência por liderança e respeito em todas as esferas institucionais foi a tônica do ato, ao lado das demandas pelo fim da violência, bem viver  e pela igualdade racial.

Dados levantados em estudos sobre a composição social brasileira indicam que as mulheres negras representam mais de 50% da população, mas permanecem sub-representadas em cargos de chefia e decisão, seja no parlamento, no executivo ou no judiciário. A presidenta do SINDJU enfatizou essa disparidade: “A gente representa, enquanto mulheres negras, mais de 50% da população. E a nossa representatividade no parlamento, nos espaços de poder está prejudicada, nunca tivemos uma presidente negra. Então, somos muito sub representadas. Essa era uma das tônicas principais.” A dirigente afirmou ter presenciado mulheres idosas no ato, que, mesmo com idade avançada, continuam na luta por um futuro mais justo”.

O SINDJU também se fez representar pela servidora Francy dos Anjos,  assistente social lotada na divisão de serviço social das varas de família e integrante do Coletivo de Negras e Negros do SINDJU. A servidora dimensionou a magnitude do evento. “Com o apoio do sindicato pude fazer parte e vivenciar a potência do movimento de mulheres negras, em sua segunda marcha, uma luta em prol de reparação e bem viver,” declarou. “O evento contou com mulheres provenientes das cinco regiões do país, numa marcha colorida, plural, na qual caminharam lado a lado, movimentos sociais que trabalham em defesa da comunidade negra, dos povos originários, da população em situação de rua, do feminismo negro.”

Segundo Francy, a mobilização representou um “florescer simbólico que traz a baila nossa insurgência frente ao contexto de desigualdades e violências a que estamos sistematicamente submetidos”, e destacou a diversidade das participantes e lideranças presentes: “A energia de encontrar, em meio a multidão, intelectuais, como Conceição Evaristo, parlamentares como Benedita da Silva e Célia Xacriabá e artistas como Bia Ferreira, marchando junto a trabalhadoras domésticas, mulheres cis e trans, jovens, idosas e crianças, fortalece a chama e a certeza de que não recuaremos em nossa defesa intransigente da dignidade humana, do bem viver”, finalizou.

Francy também reforçou a reivindicação direcionada ao Estado: “Caminhamos de punho cerrado com altivez e gritando a plenos pulmões para denunciar, para reivindicar que o estado Brasileiro implemente políticas públicas de reparação e pelo direito de existir desta e das novas gerações.” 

A participação do Coletivo de Negras e Negros do SINDJU foi classificada pela presidente do sindicato como uma experiência de relevância para o grupo. Danyelle, então, direcionou o foco para a atuação institucional, reforçando a necessidade avançar com a pauta de representatividade no Judiciário: “a necessidade da gente, enquanto servidor do judiciário, de participar desses espaços e reivindicar que também no judiciário sejam reservados espaços, garantidos espaços de liderança para as mulheres negras, é essencial. Já passou da hora de termos mulheres negras no STF.”

A mobilização em Brasília reafirmou o engajamento das mulheres negras em uma luta histórica por reparação e pela construção de um futuro com equidade. A Marcha Nacional de 2025 integra a Semana por Reparação e Bem Viver, que incluiu debates e atividades culturais na capital federal.

O SINDJU, enquanto representante da categoria, reforça o compromisso de integrar a luta por justiça e igualdade racial e de gênero às suas pautas, atuando para que as servidoras e os servidores negros, em especial as mulheres negras, tenham garantido o respeito e o acesso aos espaços de liderança no Judiciário. Juntos somos gigantes.

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