* Assunta Maria Fiel Cabral.
Gênero é uma categoria epistemológica que analisa as relações homens e mulheres na sociedade, considerando para tal, o contexto histórico, social, cultural, econômico e político existente, notadamente marcado pelas desigualdades, opressão e submetinento do masculino sobre o feminino. Muitas pessoas, equivocadamente, só entendem o gênero relacionado a composição sexual, sem compreender a gama de subjunções que o envolvem.
Dito isto, ressaltamos que, as relações de gênero em nossa sociedade, são predominantemente marcadas pela dominação e poder do masculino sobre o feminino . Essa realidade é claramente perceptivel no cotidiano de vivências, mas especialmente, na linguagem que é hegemônica, ou seja, a construção antropológica de que o masculino deve ser a referência, é por isso que, na escrita e na fala, as pessoas usam de forma generalizada o masculino, quando o tratamento se refere à forma plural, como por exemplo : “os professores”, “os alunos”, ” seus filhos”, ” bom dia a todos”, ” todos vocês ” e etc…. .
Sob a perspectiva de igualdade que defendemos, ao tratarmos as relações humanas sempre no masculino, estamos excluindo as mulheres, demonstrando que estas são compreendidas num patamar de invisibilidade social, pois que, não são importantes, somente os homens e o masculino merecem ser destacados, uma questão que tem na sua gênese, os ditames do patriarcado.
Assim, ao tratar de forma breve esse tema, pretendo ressaltar que a equidade é um pressuposto da civilidade, porquanto, se queremos de fato, construir novas determinações históricas para celebrar um mundo melhor, é primaz superar a relação polarizada entre homens e mulheres, nos libertando da relação de submetinento e posse, para possibilitar de fato, a igualdade de direitos, para construir a equidade e a fraternidade.
Nesta direção, se destaca a linguagem inclusiva de gênero, como um passo importante a ser dado, posto que, depende da força de vontade de cada pessoa em reprogramar sua conduta diante de si e com isso se permitir construir novas determinações, agregando valores, valorizando o feminino e o ser mulher na sociedade, ccontribuindo para fortalecer o processo civilizatório . O desafio está posto.
*Assistente Social; Professora; Mestra em Educação Brasileira; Analista Judiciário do Tribunal de Justiça do Estado do Pará; Colaboradora do Movimento de Mulheres do Campo e da Cidade – MMCC.