Diário da Caravana na Região de Altamira: SINDJU percorre Transamazônica e revela desafios de servidores em comarcas de difícil provimento do TJPA

Em 6 dias de viagem, equipe do sindicato enfrentou estradas perigosas, estruturas precárias e relatos de assédio para ouvir e fortalecer a base  

Uma jornada de 1.200 km, entre asfalto deteriorado e estradas de terra, marcou a Caravana SINDJU pela região da Transamazônica entre os dias 3 e 8 de agosto. A equipe composta pela presidenta Danyelle Martins e pelos diretores Alessandra Rodrigues e Matheus Mota, percorreu sete comarcas do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) para ouvir servidores e servidoras, formalizar filiações e documentar condições de trabalho que beiram o abandono.  

Dia 1 – Brasil Novo e Medicilândia: a caravana começou em Brasil Novo, onde a equipe encontrou servidores desassistidos. “Conversamos com dois comissionados e quatro efetivos. Três se filiaram na hora, e um, que já era filiado, reforçou a importância da nossa luta”, relatou Danyelle. Um dos servidores, que preferiu não se identificar, afirmou: “A gente só ouve falar do sindicato de longe. Ver vocês aqui faz a diferença.”

Em Medicilândia, a situação se repetiu: servidores novos, contratados há menos de um ano, sequer conheciam as conquistas do Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR). “Conversamos com os servidores sobre a luta do sindicato desde a retomada, em 2016. Dois se filiaram após entenderem que o SINDJU foi crucial para os reajustes”, explicou a presidente.  

Dia 2 – Uruará: a viagem até Uruará expôs um dos maiores problemas da região: os 100 km de estrada de terra, intransitáveis na chuva e perigosos na seca. “É um risco constante. Se um servidor adoecer, como faz?”, questionaram os diretores. Na comarca, a principal queixa foi a falta de cobertura da Unimed. “Temos plano de saúde, mas nenhum hospital ou laboratório credenciado aqui. Precisamos ir a Altamira para um exame de sangue”, desabafou uma servidora.  

Outra demanda urgente foi a inclusão de Uruará na lista de comarcas de difícil provimento, que garantem um adicional salarial. “Magistrados já têm esse direito em 10 comarcas, mas servidores, em nenhuma. Vamos lutar para mudar isso”, afirmou Danyelle.  

Dia 3: Em Vitória do Xingu, a recepção foi calorosa e rendeu filiações. “Uma colega nos disse: ‘Eu só precisava olhar vocês nos olhos para me filiar”, contou Danyelle. Outro servidor, que acompanhava o trabalho do SINDJU há anos, finalmente formalizou sua adesão após a conversa.  

Dias 4 e 5 – Pacajá e Anapu: em Pacajá, o cenário foi chocante: o fórum funciona em um prédio com esgoto exposto, forro desabando e risco de desmoronamento. “É desumano. Os servidores trabalham com medo de que o teto caia”, indignou-se Danyelle. Ainda assim, a equipe conseguiu filiar até um servidor de Tucuruí que estava de passagem. Já em Anapu, o problema foi a escassez de servidores presenciais. “Só um estava no fórum. Os outros estão em teletrabalho, mas a demanda presencial não para”, explicou a Presidente.  

Dia 6: Em Altamira, comarca polo da região, o SINDJU encerrou a caravana se reunindo com um número importante de filiados, onde predominou o debate sobre a rede credenciada da Unimed na região, a escassez de servidores e o excesso de servidores cedidos. “Muitos colegas destacaram a presença de servidores externos sem vínculo efetivo com o Tribunal, situação que agrava a precarização do trabalho no interior. Além disso, tivemos a oportunidade de compartilhar as estratégias atualizadas do sindicato após a data-base, e sentimos amplo apoio dos presentes. Fechamos a caravana com debates qualificados e importantes contribuições para nossas lutas”, afirmou Danyelle. 

Durante a incursão, a equipe do SINDJU recebeu relatos de situações preocupantes no ambiente de trabalho: um sobre a tentativa de um magistrado de restringir a participação dos servidores em uma atividade sindical, e outro sobre a cobrança, também por parte de um magistrado, de metas consideradas excessivas e distantes da realidade operacional das unidades, com risco de impacto na saúde física e mental dos colegas. Importante lembrar que essa não é a primeira vez que o SINDJU toma conhecimento de situações envolvendo assédio na região, pois, alguns anos atrás, o município de Uruará já foi palco de um episódio muito grave de assédio por parte de um magistrado que atualmente está sendo alvo de um Processo Administrativo Disciplinar (PAD). O SINDJU vai acompanhar de perto essas situações e tratar cada caso com todo cuidado e respeito à confiança de quem compartilhou as informações.

A caravana pelo interior do Pará rendeu frutos significativos para a categoria: quinze novos servidores se filiaram ao sindicato, muitas demandas operacionais foram catalogadas para negociação com a administração do TJPA e diversos relatos de condições precárias de trabalho serão formalmente encaminhados à corregedoria. “Esta jornada provou que o verdadeiro sindicalismo se constrói no chão das comarcas, não nos gabinetes. Por mais distantes que estejam nossos colegas, por mais difíceis que sejam os acessos, o SINDJU seguirá buscando cada servidor do Judiciário”, finalizou a Presidente Danyelle Martins. Juntos somos gigantes.

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